quinta-feira, 15 de março de 2007

Minha cabeça é uma cidade abandonada num filme de faroeste. Posso sentir o vento assoviar e soprar uma bola de feno no meio da poeira. Não penso mais, e é como se algo bloqueasse qualquer tentativa de sair dessa inércia intelectual. Não que eu esteja me esforçando muito, é verdade. É que nada tem me despertado algum interesse, tudo anda terrivelmente sem graça. Nem meus problemas me importam mais (não que eu os tenha, mas costumava me divertir inventando-os).

Se nem meus draminhas psicológicos têm me interessado, que dirá as mazelas do mundo. Fome, terrorismo, desigualdade social, aquecimento global, e lá se vai minha minúscula paciência. O mesmo pra Nietzsche, Nouvelle Vague e toda intelectualidade - pseudo ou não. Fiquei burra. Ou simplesmente cansei. Uma incrível retória ou uma cara blasé já não me comovem. Me refugio em estupidez e futilidade, lugares confortáveis e seguros.

Tudo tende ao tédio, fato. E todo entediado me irrita profundamente, embora muito provavelmente seja isso - o tédio - a principal causa desse vácuo mental. Eu me irrito, e estou em processo de auto-irritação neste exato momento. A solução é uma boa dose de alienação. Vou desligar o livro e ler a tv, então. Não que eu me orgulhe disso.