Às vezes, não sei se é melhor que as coisas aconteçam e dêem errado, ou que simplesmente não aconteçam. Livros de auto-ajuda, correntes de e-mail e sua amiga mais bem intencionada diriam que é melhor que tenha acontecido, mesmo que nada tenha dado certo. Ao menos, você soube como era, viu/ouviu/sentiu. E se não deu, não era pra ser, bola pra frente, foi o destino, e tantos outros clichês que caberiam aqui. Não tenho tanta certeza.
Talvez, teria sido melhor ficar com a fabulazinha na cabeça, aquela que ficava ali latente, que fazia suspirar só quando era acionada, sem maiores danos. Pelo menos, ela não ficava rondando sua cabeça o tempo todo, como um zumbido chato que não se deixa esquecer.
Agora você ouve a mesma música mil vezes, fica rabiscando trechos desconexos em qualquer pedaço em branco no papel, olhando pro nada e imaginando, imaginando. Pronto, era o que você queria. Você perdeu o controle, garota. Não é mais você quem determina o caminho que as coisas irão tomar. Satisfeita?
Tudo bem, você tem razão. A situação não é tão crítica, estou sendo dramática - mais uma vez. É que eu te aviso tanto e sempre, e você insiste em não ouvir. Tá, é verdade, você sempre ouve. Mas quando não ouve, olha o que acontece! Agora quem tem que dividir o espaço da sua cabeça pequena sou eu. Não é uma questão de egoísmo, mas você sabe, é onde eu moro. Não é justo que coloque um intruso aqui e me obrigue a conviver com alguém que eu mal conheço. Principalmente alguém assim, tão espaçoso.
Olha, não quero parecer chantagista, mas você vai ter que escolher. Ele ou eu. Mas cuidado, hein? Lembre-se da história do velho, aquele que morreu só porque já era velho demais pra viver. Você não quer morrer antes disso, não é? E não esqueça o guarda-chuva.