domingo, 27 de março de 2011

Sempre quis ser advogada, desde criança. Quando me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse, a resposta era rápida. Enquanto as outras meninas queriam ser bailarinas, professoras ou veterinárias, eu queria ser advogada. E não havia qualquer justificativa para minha escolha, fossem pais advogados ou qualquer parente próximo que tivesse cursado direito. Que tipo de criança chata prefere ser advogada à bailarina? Pois é. As outras crianças costumavam, ainda, mudar de opinião constantemente. A cada hora queriam ter uma profissão diferente. Eu não. Obstinada, sempre quis ser advogada.

Aí eu me mudei para uma cidade onde havia uma universidade pública que tinha um conceituado curso de direito, cresci, fiz alguns vestibulares e pronto, dei o primeiro passo para realizar o sonho infantil.

Agora, cursando o quinto e último ano e prestes a iniciar um curso preparatório para o exame da Ordem dos Advogados do Brasil, eu, que sempre fui tão coerente, que desde criança não quis ter nenhuma outra profissão que não a de advogada, tenho me perguntado se, afinal, é isso o que eu realmente quero. Por que não ser decoradora, paisagista ou qualquer outra coisa mais leve, mais bonita, menos burocrática?

Hoje invejo minha convicção infantil. Era tão mais simples querer ser alguma coisa quando ainda faltavam muitos anos para, de fato, ser aquela coisa. Ou, quem sabe, eu tenha feito a escolha errada. Vai ver eu deveria ter escolhido ser bailarina.