quarta-feira, 31 de março de 2010

"Eu sei avô. A coisa não começa bem. Qualquer coisa que se chame blogue não lhe deve merecer grande crédito. Fotografar pessoas na rua também não. E acredito que fotografá-las por aquilo que elas vestem só consiga fazer parecer tudo pior. Mas no outro dia quando liguei para aí, a avó, antes mesmo de lhe passar o telefone, disse-me que o avô se tinha emocionado quando ouvia a minha voz num programa de rádio. Fiquei meio sem jeito, sem saber que dizer. Eu sei que o avô era tramado com o meu pai e, para lhe ser franco, não é fácil imaginá-lo comovido. Também nunca vi o meu pai chorar e, para lhe ser completamente franco, ele também não foi sempre dócil comigo. Mas reconheço duas coisas: que não me imagino um pai particularmente meigo e que, não me venham cá com merdas, a disciplina com que se trata um filho em criança fará dele mais homem em adulto. E é mesmo assim, não é? Há sempre coisas complicadas entre um pai e um filho. Ser neto será sempre mais fácil."

Conversas imaginárias com o avô no dia do pai. O Alfaiate Lisboeta.