quarta-feira, 31 de março de 2010

"Eu sei avô. A coisa não começa bem. Qualquer coisa que se chame blogue não lhe deve merecer grande crédito. Fotografar pessoas na rua também não. E acredito que fotografá-las por aquilo que elas vestem só consiga fazer parecer tudo pior. Mas no outro dia quando liguei para aí, a avó, antes mesmo de lhe passar o telefone, disse-me que o avô se tinha emocionado quando ouvia a minha voz num programa de rádio. Fiquei meio sem jeito, sem saber que dizer. Eu sei que o avô era tramado com o meu pai e, para lhe ser franco, não é fácil imaginá-lo comovido. Também nunca vi o meu pai chorar e, para lhe ser completamente franco, ele também não foi sempre dócil comigo. Mas reconheço duas coisas: que não me imagino um pai particularmente meigo e que, não me venham cá com merdas, a disciplina com que se trata um filho em criança fará dele mais homem em adulto. E é mesmo assim, não é? Há sempre coisas complicadas entre um pai e um filho. Ser neto será sempre mais fácil."

Conversas imaginárias com o avô no dia do pai. O Alfaiate Lisboeta.

terça-feira, 30 de março de 2010

Gosto quando entra pela janela o cheiro da roupa limpa secando no varal.

domingo, 28 de março de 2010

The spotless mind

Me pego às vezes tentando recordar os traços de certos rostos quando vistos de perto ou o som de determinadas vozes. Puro exercício de memória. Incrível a capacidade que temos de apagar lembranças quando nos é conveniente.
Hey, it was supposed to be a rainy lazy sunday!

sábado, 27 de março de 2010

Take care

Cuidado é palavra tão bonita. Quando ouço só me vêm à cabeça sensações boas: conforto, proteção, carinho. Enquanto crianças, era dever de nossos pais nos cuidar. Já adultos, essa tarefa passou a ser responsabilidade nossa.

Mas aí, como não há ninguém além de nós mesmos que dependa de nosso cuidado, acabamos por nos tornar um tanto negligentes. No atropelo da rotina os auto-cuidados vão sendo deixados de lado, sempre há algo mais urgente a ser feito. E aí passamos a buscar alguém que exerça essa papel em nosso lugar, alguém que cuide da gente.

O que muita gente não sabe é que se cuidar é um carinho que se faz em si mesmo. Cuidar da saúde, da aparência, do lugar em que se vive, das pessoas que nos cercam, cuidar de se sentir bem, tudo isso é auto-cuidado. Ir ao dentista, fazer as unhas, organizar o armário, fazer uma comidinha gostosa no fim de semana e convidar os amigos, ler um livro leve enquanto se ouve uma música tranquila. Todos esses pequenos cuidados fazem tão bem! É que a diferença geralmente se encontra nos detalhes, que é onde costuma também estar a beleza.

Quando a gente se cuida, a gente se gosta mais. E quando a gente se gosta mais, quem está ao nosso redor gosta mais da gente também.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Que fim de dia amarelo e bonito!

terça-feira, 23 de março de 2010

Num dia chuvoso, bolo de fubá e chá quentinho fazem carinho no estômago.

domingo, 21 de março de 2010

Passando em frente a uma igreja sábado pela manhã ela se deteve por um momento para ver uma jovem noiva, grávida, que tinha as costas tatuadas, entrar na igreja acompanhada pelo irmão mais novo ao som de Ave Maria. Secretamente desejou que ela fosse feliz como desejaria a uma de suas filhas.

domingo, 14 de março de 2010

A leveza e o peso

"(...) Digamos, portanto, que a idéia do eterno retorno designa uma perspectiva na qual as coisas não parecem ser como nós as conhecemos: elas nos aparecem sem a circunstância atenuante de sua fugacidade.

Essa circunstância atenuante nos impede, com efeito, de pronunciar qualquer veredicto. Como condenar o que é efêmero? (...)"

A insustentável leveza do ser. Milan Kundera.

sábado, 13 de março de 2010

Às vezes os olhos transbordam sem que tenha havido uma grande tempestade.

domingo, 7 de março de 2010

O vento hoje me proporcionou uma sensação indescritível, como o melhor dos carinhos.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Da porta pra lá

É um álbum de recortes, um diário adolescente, é a folha em branco em que tento me desenhar, talvez não como eu seja, mas como queria ser. Sou eu do avesso em frente ao espelho tentando ver como é, de fato, o outro lado. É o cantinho seguro em que posso conversar comigo mesma sem parecer louca. É feito por mim e pra mim. Mas quantas de mim existem por aí?

Há coisas que, ainda que vivam da porta pra cá, só são descobertas ao se abrirem as janelas, que é quando entra a luz do sol.