300.000 km/s
Medo do tempo. Sempre senti um arrepio ruim ao perceber o quão rápido o tempo passa. Vertigem. Na verdade, quem passa somos nós, e ultimamente temos passado na velocidade da luz. Então, vêm os anos e o Peter Pan que há em mim se nega a ir adiante. Não quero mais responsabilidades, pra quê ter mais o que temer? Já não bastam os medos todos que nós carregamos desde a infância? Há quem diga que eles, os medos, vão sendo substituídos ao longo dos anos. Duvido. Acho mesmo que nós só os acumulamos, em uma espécie de coleção de estimação bizarra.
Invejo aqueles que crescem espontaneamente, como se a vida cada vez mais atribulada fosse algo natural. E, embora pareça um tanto contraditório, tenho consciência de que é melhor aceitar, que só assim a metamorfose é menos dolorosa. Afinal, de que adianta negar o que é iminente?
Então, tá. De agora em diante sou grande, adulta, dona do meu nariz. E aí, o que eu faço agora, com toda essa idependência? Tem como fazer com que os anos-luz voltem a ser simplesmente anos?