Feeling sinister
Minha vida toda é marcada por ciclos de abandono. Como um nômade, que nunca passa muito tempo em um mesmo lugar. Mas meu nomadismo é afetivo. É como se eu não pudesse amar as mesmas pessoas durante muito tempo. Não sei se por falta de capacidade minha, ou se é uma espécie de prazo de validade que meu amor - bem vagabundo, por sinal - tem. E assim vou migrando de grupos em grupos, deixando pessoas pra trás. Um exercício constante de desapego. Tudo que a raposa me recomendou a não fazer.
O que meu egocentrismo não me deixa perceber é que as pessoas também me deixam pra trás. É quando eu me pego tentando entender o que acontece comigo que não me deixa criar raízes em lugar nenhum, que não me deixa envolver de maneira definitiva com ninguém. Não criar apenas frágeis laços, mas nós. Que mecanismo é esse que me impede de ser pra sempre? Essa efemeridade que não me traz vantagem nenhuma, apenas me torna mais uma na vida de todo mundo.
Aí eu repito pra mim mesma que não posso perder o que nunca tive. Tentativa inútil de me explicar, mas a única maneira que encontrei de não ficar presa a um baú de lembranças que já não fazem sentido algum. Eles nunca foram meus, não há porque chorar o fim de uma história que nunca foi a minha. And I keep playing with myself.