Ímpar
Quase. Parece fácil, mas não é. Aliás, é até mais difícil que tudo e nada. É quase, por pouco. É uma linha, o muro, é lá nem cá. E quem disse que se equilibrar é simples? Não tem cama elástica lá embaixo. Fácil é ficar olhando do chão, com os pés bem firmes, achando graça da quase queda do equilibrista.
Pode ser meio também. Quem sabe, quase-meio? Não chega nem à metade, é pouco. Mas por que tem que ser muito? Não precisa ser sempre intenso, inteiro. Pouco às vezes é suficiente. Sobrar pode ser desperdício. Há quem diga que homeopatia funciona.
E se eu sou quase bonita, ou meio feia, um pouco inteligente, meio magra e um tanto estranha. Se os olhos são só um pouco verdes, o nariz meio grande, e o humor quase bom. Se não sou muito educada e falo palavrão, e às vezes fico um pouco desagradável. Talvez ande quase rápido e um pouco curvada, olhando pra algum lugar que não seja a frente. Pode ser que tenha um pouco de medo.
Gosto pouco, penso muito. Algumas coisas não têm meio. Outras, quem sabe, resolvam tornar-se pares, dividam-se em/por dois. E talvez eu seja uma das metades. De meio em meio, um dia, eu fico inteira.