sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Quando sextas-feiras chuvosas e cinzas se tornam ensolaradas e amarelas, e chuvosas e amarelas e ensolaradas e cinzas, eu fico assim, sem saber o que dizer. Só queria dizer.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Séptimo piso

Confesso que era inveja o que eu sentia. Não é nenhum sentimento nobre, eu sei. Ainda assim, devo admitir que era inveja. E quem é que nunca desejou possuir o bem alheio, não é mesmo? Mas não pretendo me justificar...

É que eu não entendia como vocês podiam ser tão perfeitos, ter vidas, amigos e amores tão perfeitos. Aquilo era um despropósito! Num mundo tão torto, tão cheio de defeitos, vocês me vinham com toda aquela plenitude, suas vidas completas com amizades duradouras e amores verdadeiros. Enquanto o mundo todo se ocupava tentando encontrar o caminho menos difícil (nunca o mais fácil), os caminhos todos simplesmente surgiam diante de vocês e se iluminavam. Até seus medos e fraquezas pareciam dignos. Era injusto. E eu, tão mundana e injustiçada, não podia aceitar tamanha iniqüidade.

Na tentativa de diminuir minha desventura, imaginava-os falsos, artificiais, verdadeiros monstros de plástico. Afinal, onde já se viu perfeição real? E aí vocês se mostravam cada vez mais felizes e cercados de amor por todos os lados. Umas ilhas em meio a tanto amor. Blé!

Foi quando, finalmente, percebi que não era a sorte que vinha até vocês, mas vocês que iam até ela, mesmo que não a encontrassem sempre. A verdade é que vocês não eram perfeitos coisa nenhuma, nem tinham vidas maravilhosas. Mas tinham aquela maneira rara de ver o mundo com bons olhos. Não fazia parte desse jogo dizer ao mundo todo que só conhecia o seu quinhão ruim. E isso já fazia de vocês mais felizes que a grande maioria. Inclusive caras estranhos como eu.

Talvez ainda os inveje, mas hoje não mais pela perfeição e sim pela visão privilegiada. Dia desses, quem sabe eu consiga um desses cobiçados apartamentos com vista pro lado bonito das gentes. E pare, enfim, de invejar. E passe a ser invejada.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Rainy night song

É incrível como a chuva sabe a hora exata em que deve cair aqui, como chega sempre quando eu mais preciso. O cheiro, o som... ah, como me acalmam! E eu só tenho a agradecer pela paz e entendimento que ela me traz, pela chance de fazer de uma noite perdida um encontro. Eu e a chuva.